segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

back to bahia

Eu vou me embora dessa cidade
desse fedor, desse cinza
dessa velocidade.

Eu vou para um canto onde eu possa
parar
e olhar,
pra dentro, ou pra fora.
e me certificar
que o meu maior desejo
ainda é a margem.

MAPA Nº4 SHIVA

Assim como é possível um contato com Ganesha, Shiva também pode ser buscado com o objetivo de se alcançar um estado de consciência específico. Seu sabor no entanto é muito diferente. Shiva deve ser contactado nos momentos em que ha uma busca por desfarze-se das coisas. Ele provê um contato profundo com o vazio, uma vez eu estava em transe, cantando o mantra, e experimentei sentir a cessação completa de todo o som. O som do vazio. Entrando em contato com esse buraco negro podemos jogar tudo que não queremos mais, e nos apossarmos de todas as coisas novas que vem lá de dentro, e não há o que temer, pois é garantido que não seremos sugados. É nesse sentido que Shiva é tradicionalmente entendido como o criador e o destruidor. Shiva é uma poderosa ferramenta de metaprogramação, uma excelente forma de descondicionar velhos hábitos.

Quer tentar?

Imprima uma foto do Maha Yogui e cole na parede, perto de uma porta:
http://www.audarya-award.org/page/images/stories/shiva.gif
Ao acordar, acenda uma vela para Shiva, sente-se no chão, coluna ereta, e cante por dez minutos:

Aum Trayambakam Yajamahe,
Sugandhim Pushtivardhanam;
Urva Rukamiva Bandhanaan,
Mrityor Mukshiya Maamritat

Ao terminar, levante e faça de 5 a dez saudações ao sol, pegue o suor do seu rosto, e passe na testa da imagem de Shiva, agradecendo-o.

Não sabe fazer uma saudação ao sol?
http://www.youtube.com/watch?v=6sRufaSonBU&feature=related

MAPA Nº3 GANESHA

Através de uma série de simples exercícios realizados com determinação e assiduidade, qualquer um é capaz de experimentar um contato próximo com essa entidade do panteão hindu. Se isso soa muito místico para você, eu poderia explicar de uma forma diferente. A repetição dos mantras é agregada a uma atitude. Esse ethos parece brotar da estranha e emocional forma de comunicação que se estabelece entre o eu e esse particular estado de consciência. Como uma tecnologia de manipulação neurológica, a disciplina parece gerar esse filtro muito refinado para o mundo. As cores saltam e o reino das possibilidades se abre, revelando o mundo como um mistério eternamente renovado. Se Ganesha esta com você, a sorte esta com você, e não ha feito que ele não corrija.

Não acreditou em mim? Me achou um babaca?
Tente você mesmo!

Imprima uma imagem do simpático elefante, e cole na sua parede:
http://i251.photobucket.com/albums/gg299/yanofilms/ganesha2.jpg

Queime muitos incensos pro Ganesha, nag champa, sândalo, ou o que tiver pela sua casa, peça coisas para ele constantemente, sempre buscando contato com o arquétipo. Isso, e cante com entrega, dez minutos ao acordar, dez minutos antes de dormir:

AUM GAJANANAM BHOOTGANADHISEVITAM
KAPITTHYA JAMBOO PHALCHARU BHAKSHANAM
UMASUTAM SHOKVINASHKARAKAM
NAMAMI VIGHNESHWAR PADPANKAJAM

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

O homem desenvolveu vinte e cinco mil anos de linguagem, para descobrir que o silencio é o que ha de mais sagrado.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Echoes, do pink floyd, foi a primeira poesia epica pos-moderna

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

o movimento

Hoje me peguei conversando com meu sistema nervoso, o engraçado foi que ele respondeu. A principio eu fiquei assustado, ai eu comecei a entender que de fato, eu não era só um. Que eu tenho varias partes quase autônomas, algumas feitas de carne, outras de puro pensamento, que trabalham pra construção paradoxalmente ordenada do caos do meu existir. Meu dialogo com meu corpo, meus pensamentos e minhas emoções, me trouxe outra perspectiva do quem eu sou, mas logo em seguida trouxe uma pergunta. Do meio de todas essas partes “autônomas”, o que é e onde fica esse tal de EU, afinal? Ta mais pra eus. Será que no fim das contas não passamos da soma das partes, como um propósito comum em um grupo? Será que nós somos a causa das células?

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

É fistaile.

São sempre as mesmas formas quando começo um texto. Parece robótico, períodos, termos e sentenças que se mesclam e refazem, alternando-se sem alterar seu significado.Posso me sentir bloqueado, perdido, num labirinto semântico que eu mesmo criei. Aí, o texto tenta começar de milhares de formas, todas soam frágeis, sem propósito. Faz-se necessário parar pra perceber que ele é pura estrutura, o que estou comunicando então?.Não era esse o propósito, comunicar? E se um se vê no lugar aonde tudo que ele necessita para purgar suas feridas é se comunicar, e no entanto, ele não acha nada de dentro da alma dele que seja digno de se dizer em palavras. E se tudo que um pode comunicar é a completa falta do que dizer, mas não de uma forma transcendente, e sim de uma forma que te engessa, a angustia desesperada de confrontar os seus limites. As vezes é verdade que a vida fica vazia, ai já não se tem muito o que dizer, sabe como é. Como fugir disso? Como fugir de você, da obviedade de ser quem se é dia após dia. Outro dia eu acordei cansado, e não quis sair da cama. Fiquei pensando, preciso me livrar desse cansaço, esse cansaço me impede de ser.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Estava deitado a uns minutos, a deriva num mundo profundo e obscuro. Quando abri meus olhos e levantei, tudo em minha volta tinha um cinza brilhante, quase azul. Tsc... abri um sorriso atônito. Olhava pra vela e via o movimento do fogo. O encontro da luz com o vidro formava padrões de cores que se abriam como arco Iris na minha direção, arco Iris que se mexiam. Todo o cenário era de uma beleza divina, um quarto semi escuro com quatro velas, uma musica sufi tocava ao fundo. Tive que rir. Ri de mim mesmo e das minhas reações, ri do tamanho da beleza do mundo, ri por não saber comunicar de nenhuma outra forma o tamanho do meu deslumbramento. O quão elementar e belo o mundo pode ser, e ele sempre o era pra mim, mas ali, era como se eu simplesmente não pudesse negar. E eu estava em casa. Tive que ir lá no fundo de mim mesmo para descobrir que eu não precisava temer, ninguém julgava meus atos, eu podia ser a vontade. Ficar a vontade na vida, no meu corpo, no meu mundo, no meu jeito.

Não temer esse mergulho, enfrentá-lo de peito cheio, me deu vitalidade, e o que mais me impressionou foi que quanto mais desapegado eu fui de encontro da experiência, mais receptiva ela foi comigo. Fui meticuloso na minha preparação, e desapegado na minha ação. Aos primeiros sinais de que estava partindo de mim mesmo, logo desisti de lutar. Deitei e me deixei levar para onde ele quisesse me mostrar. E eu me transformei em mundos de cor pulsante, de danças energéticas em tom neon. Sai e voltei de mim tantas vezes que perdi a conta, ate que resolvi ver o que tinha do lado de fora. Abri meus olhos e me deparei com outro mistério de igual tamanho. Senti na barriga que o corpo era o ponto de contato do infinito de dentro com o infinito de fora. Perdido no espaço e boquiaberto ou com um sorriso no rosto, eu me lembrei do sentido obscuro do caos.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

As vezes sentir supera tudo pra mim, e fica impraticável existir, falar. Acho que esse meu esporte de expor a minha alma sensibilizou tudo. Certos momentos me são tão intensos, que já posso sentir meu corpo comendo aquelas informações e transformando elas em dor, incompreensão. E até que hoje em dia eu descobri como reverter esse processo, como descarregar isso, reelaborar a informação e comunica-la para mim. Transformar essa dor em criação e êxtase. Mas isso não impede que a cada dia o mundo me traga mais duvidas, incongruências e desafios. Fico me perguntando se isso um dia vai acabar, mas tenho motivos pra acreditar que não. Esse universo em expansão se revela o mais megalomaniaco processo exponencial de carga e descarga por mim imaginavel.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

SUPERNOVAS A PARTE

Procedo de forma única na arte do encontro. Quando se tocam, duas estrelas fazem tanta luz que por um segundo ela permeia todo o infinito, e fica gravada pra sempre no tempo. Então, por mim, primeiro a gente bota as nossas almas na mesa,e observa com deleite e paciência. Aprende tudo que pode, e depois esquece. Ai, depois, bota o corpo pelo teste do encaixe, vê se cabe quando eu pego na tua pele, quando eu arranho e mordo toda a carne disponível, quando fuço e descubro cada dobra e cada sobra da sua superfície de contato. Depois disso eu te transformo numa deusa escarlate, mistura de Venus e Marte, Babalon enfurecida, enlouquecida, gritando a suas linhas nesse texto que você me jura que nasceu sabendo, e eu sei que é mentira, mas que você não sabe. Enfim, nossas fronteiras se desfazem. E pouco a pouco nosso brilho é um só, e tão forte que queimaria a retina de um deus, mas somos mais. E ai a gente vê enfim, que o brilho é o universo inteiro, tudo que há e o nada que é são a mesma luz da qual nos fazemos parte.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Viu a menina no canto do bar. Não a conhecia, na verdade nunca trocara meia palavra com ela. Falar não era o seu forte, ele olhava pra ela, e já fazia um tempo. Era amiga de um conhecido, e, a algumas mesas de distancia, o cumprimentava. Sentiu a barriga revirando, uma sensação esquisita passando pelo corpo. Seu discurso ficou errático, que mulher magnética. Intensamente buscou o copo, que bebeu quase que de uma vez. Burro. Sabia, pois se conhecia bem, que tinha menos chance com o álcool, não, mentira, isso era uma injustiça. Em pequenas doses ele poderia ajudar, quebrar aquela inibição esquisita, a falta de assunto. Mas ele sabia que não era um cara de pequenas doses, se bebia era pra fugir e o seu nervosismo o seguia, por isso agarrava o copo e bebia mais rápido do que podia.

Os dois se levantaram da sua mesa no canto e vieram na sua direção. O amigo apresentou “Camarada, essa aqui é a Joana”. “Prazer” o que ele ia dizer¿ Era péssimo com isso. Os dois sentaram e pediram outra cerveja. Ele terminou o copo e voltou a enche-lo. Conversaram, mas o papo morria rápido, nenhuma conversa engrenava, ele foi perdendo as forças, ficando vez menor. Outras pessoas sentaram, ela riu do que todos tinham a dizer. Parecia que ria fácil, ele deveria saber dizer alguma coisa engraçada. Ele sempre sabia, o que havia de errado agora. O que fazia ele tão desinteressante toda vez que alguém lhe interessava¿ Buscou desesperadamente algo de fascinante pra dizer, algo de digno pra ser ou exibir, la de dentro. Mas toda tentativa era patética, quanto mais tentava mais ele se afundava numa poça de mentira. Enfim preferiu se ater as frases neutras, mas viu que tentar neutralizar-se chamava mais atenção. Simplesmente não tinha nada que fizesse que pudesse corrigi-lo naquela hora, estava grande demais para si mesmo.

Levantou-se, bebado. Era hora de dar um fim naquilo, olhou para a garota nos olhos, mas ela não respondeu. Desviou o olhar para o amigo, que cumprimentou com uma batida no ombro. “Valeu galera!” falou acenando pra mesa. Alguns responderam, outros continuaram suas conversas. Chegou em casa torpe, ligou a TV e deitou na cama olhando pra cima, não se deu o trabalho nem de virar pra ela. Sentia-se dormente e solitário. Pensou em culpar a menina, a sorte, o destino e o que mais¿ Por fim caiu em sua razão, riu de si mesmo, e fez tudo que podia, deixou-se derreter no sono entorpecido que formigou o seu corpo inteiro ate a escuridão total.

sei

Agora eu sei, que eu nunca soube o que fui. Mal sei o que sou, e bem sei ser, mas sou tão indefinível, translúcido, imperceptível, que já era, quando vi já não sou mais. Sou uma coisa que não dura nem um segundo, como aquele vulto no canto do olho que quando você vira pra ver já foi. Escorro pelas mãos, pelos olhos, pela pele, sou vento, sou água, sou fluxo, sou mudança. Sou como todo o universo. Sou intangível pois não sou objeto, sou ato, sou verbo, sou uma flecha mirado pro caos, sou as minhas mascaras preferidas, e as preteridas. Posso ser a escoria ou um santo, sou um pranto que confunde tristeza e espanto. Sou agora com certeza, o que faço do passado também vive mudando. Sou tantos detalhes de mim, que já seria difícil conhece-los todos, que dirá assim, eternos mutantes.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Nasrudin



The Search


One day the Mullah Nasrudin was seen frantically tearing around the village market, wild-eyed and desperate astride his donkey. He zipped this way and that, clearly searching with some urgency for something.

"What are you looking for, Mullah?" asked a villager, eventually.

"Not now!" spat Nasrudin, out of breath, "I'm looking for my donkey!"

http://en.wikibooks.org/wiki/Nasrudin

ta me parecendo que é o caso de achar o seu burro, viver a vida, rir e fazer o que a ocasião pedir

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

?

Acho que muito do que eu sinto ainda parte da constatação de que a vida é muito frágil. É inspiradora a delicadeza dessa teia que chamamos realidade, todas as perspectivas que se projetam sobre os objetos vazios e todas as suas fugazes verdades, todas as chances, todas as possibilidades, tudo em um só fluxo harmônico. Um equilíbrio dinâmico auto-regulado, a pluralidade do um, buscando entendimento através das suas partes, um sistema onde cada face contribui com as sua linhas no eterno drama cosmico. É assim que nós somos, os braços da divindade, trançando com cada movimento as historias pelas vontades. Que força obtusa será então essa que molda o nosso querer? O que será que nos atrai para a novidade? Mas realmente o que é? Eu me pego voltando para essa pergunta tantas vezes que já não acredito mais em respostas. Percebi que o que me movia era a pergunta em si e que ela é que era a resposta.

QUE FORÇA É ESTA QUE CONTINUA ME MOVENDO?

Resposta:

?

Foi difícil de me acostumar com essa idéia, mas eventualmente aquilo se assentou em mim. Essa proposição transformou o mundo é claro em uma coisa muito mais agradável. A força que me movia do ponto mais profundo do âmago do meu ser, a questão da minha alma era entender o seu próprio funcionamento. Essa era um jornada direta do conhecimento que levaria a níveis de intimidade comigo mesmo que poderiam ate me assustar em outros tempos. Mas eu ja via como as coisas que eram trazidas à luz me davam cada vez mais liberdade, e agora eu queria ser livre. Sofro com muito ansiedade, vejo que o tempo das coisas ainda é muito lento. Imagino que isso vai ser a única coisa capaz de me ensinar tudo o que eu estou aqui para aprender. Parado, extaseado observo o movimento eterno dos seres a minha volta. Gravitando ao redor das suas orbitas, eles buscam sensações que lhe sejam novas, confortáveis ou familiares. Olham uns para os outros e transbordam sentir. Cada um é uma bandeira irremediável de si mesmo, o que é lindo e fétido. E sagrada é a sua santa comunicação, interação e aprendizado.

A raça humana. Os macacos-magos da semântica. Poderosos manipuladores de símbolos. Animais mitológicos em evolução exponencial, rumo a gestalt final. Rumo a explosão do entendimento máximo. Eternamente fadados a mudança, à catarse e a transcendência. Abençoado seja o tempo, criador e dissolutor de todas as tensões. Abençoado seja a vida desse corpo social, que vibra e pulsa com cada Vontade, nos ensinando a voltar a ser um. Abençoada seja a noção sagrada de que o que se sabe é ínfimo em relação ao que se há para saber. Abençoado seja o fato de que não preciso fazer nada que não ser eu mesmo para continuar aprendendo, por que eu sou a pergunta, a sagrada pergunta, a dolorosa pergunta e a pergunta que nos faz transbordar de extase. Toda essa vida é a resposta, abençoada seja a eterna interrogação.

Orlando, FL

Tem umas horas que a gente ta tão sozinho, que é como se a solidão ganhasse cara e voz. Lá naquele chão frio e morto dos EUA, afrontado pela distancia, tudo que ouvia era o canto solitário do silencio. E que canto lindo que era, meu coração se apertava. Toda vez que caia sobre o meu ser a calma, logo vinha a sinfonia calada do meu peito vazio, acompanhada pelo backin’ da memória de tudo que eu amei. E tão cheio de sutilezas que eram essas canções, levantavam em mim mascaras e fantasmas de cores das quais sempre volto a me esqueçer. A saudade é um guia sábio e cruel. Rouba todos os seus vínculos, te mostra todos os seus lastros. Te faz dar uma volta em torno si mesmo pra encontrar o próprio rabo, te larga cara a cara com você. Te faz cachorro, até você perceber que é homem. E então, eu, paro, e ouço: a musica passa por mim: tão bela e tão... triste, confundem-se os opostos e somos largados em êxtase, em lagrimas enfim. Implorando por bis.

Fantasmas




Assombrações estranhas, com sensações preferidas, caem e saem dos vertices, enquanto habitam um mundo vazio.

domingo, 7 de setembro de 2008

Arrasa com o meu projeto de vida

Um oceano de dor é o que eu vejo, e juro que acho lindo. Dor e alivio, carga e descarga, é a atividade principal da vida, e é um jogo eterno de resistência. A vida amadureceu do esforço, e é uma beleza como cada célula tem um comprometimento nessa batalha eterna dela se manter vivendo. Fico imaginando como eram as coisas na sopa primordial. A vida tentando aqui, tentando ali, “como eu posso existir?” “uhm... essa forma funciona...” “se eu me agrupar a outras células minha chances de sobrevivência aumentam...” deve ter sido um período difícil. A vida nadando contra um rio, lutando para se manter existindo num ambiente hostil aonde tudo a suprimia. Mas pelo visto ela venceu, e o seu desenvolvimento criou formas cada vez mais sofisticadas para a sua manifestação. Até que finalmente, depois do que pareceu uma eternidade, uma grande novidade apareceu. E já era de se esperar, a vida é uma seta apontando para todas as possibilidades. A novidade era a reflexão, foi o salto quântico. Era como se a consciencia de todo esse processo biológico continuo cedesse um pouco dela mesma para uma entidade autônoma. Essa foi a forma que ela achou de acelerar as coisas, delegar função. Para isso ela contava com a colaboração geral dessas partes, mas essa é uma longa historia pra se contar, e o homem foi aos poucos aprendendo a calar a sua voz. A anomalia foi tamanha, que posteriormente todos aqueles que ouviram a vida falar foram tratados como loucos ou messias, dependendo do nível de organização mental dos mesmos. Não é nenhuma surpresa o mal do século, nos perdemos a função para a qual fomos criados originalmente. Veja bem camarada, não é uma questão de deus ou qualquer nome mesquinho que você quiser inventar, é só que esse é um projeto muito maior, e muito mais antigo do que você é capaz de imaginar.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

E=MC²


Que deus me ajude a salvar minha alma.
Nesse mundo estranho e sem calma,
onde toda tentativa é presenteada com duvida,
onde a incerteza é toda resposta que há.

Que o caos me ajude a viver com paciência,
ante toda essa demência que me sufoca,
pra me ensinar a amar
o mistério, largar
o controle.

O cosmos e eu,
cada um com a sua função,
tudo que me resta, é o eterno resignificar
desse universo que é puro significante,
todo esse yin precisa de um yang.

Por que será que isso me mata?
Que a nossa perspectiva não se basta?
Quando eu acho que entendi a historia
logo entendo que foi só metade,
pra enfim ver que não passava de uma parte.
Maldita relatividade!
Fez do nosso mundo um olhar
e uma utopia da verdade.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Eu adoro essas perguntas que se invertem. Hoje mais cedo, estava no palco, improvisando uma cena. E tudo o que a atriz dizia me atingia de uma forma que me fazia perguntar: o quanto de mim há nesse personagem? Terminei a cena abalado e em duvida, o quanto de personagem há em mim?

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Tecnica Nº2:

A arte extatica de ser ridículo.

Nós, seres humanos pensamos muito de nós mesmos. Costumamos pensar que nos somos belas merdas. Os intelectuais olham para os outros com desprezo por eles não terem sua mente. Os apolíneos olham com desprezo para aqueles que não tem o seu corpo. Os religiosos desprezam os que não tem a sua moral. E aqueles que não tiveram sorte o suficiente de ser bom em qualquer coisa simplesmente desprezam a humanidade inteira. Fomos enjaulados numa prisão de arrogância, achamos que somos tão importantes que é incomum achar pessoas que sabem lidar bem com a possibilidade de ser patético. Para todos aqueles que não têm esse dom, eu apresento a arte extática de ser ridículo.

Arte, pois precisa vir de dentro e ter verdade; extática por que gera êxtase; o ridículo pelo amor de tudo que belo. Grande parte das nossas irritações cotidianas, decorrem do fato de que achamos que a nossa visão sob as coisas é mais confiável que a de qualquer outra pessoa, bom, é mentira. A bem da verdade, ninguém sabe do que esta falando, não de verdade, muito menos eu. Mas o que importa¿ Você não tem razão, ninguém tem razão, quer dizer, todo mundo tem, mas isso é o mesmo que ninguém ter não é¿ Todo mundo tem razão ou certeza sob o seu ponto de vista, agora o problema é que nem todo mundo entende isso. Um exercício bem interessante é atentar para o que a gente fala, tentar ser honesto consigo mesmo sobre o que se sabe e o que não se sabe. Confessar ignorância também é saudável. Mesmo que você se exponha ao ridículo.

O negocio é quebrar essa casca de vaidade que nos envolve. Para isso eu sugiro um exercício pratico retirado do teatro: Ache o seu Bufão. O Bufão é um arquétipo humano, ele é o seu lado mais feio. Andando, teste posturas diferentes. Primeiro imagine que uma linha te puxa de cima pela ponta da cabeça, depois mova essa linha para o seu ombro, para o outro, para a bunda, para todos os lugares que você conseguir imaginar. Crie outras linhas, explore as possibilidades, ache a sua forma mais feia, mais deformada, mais bárbara. Quando você tiver terminado esse exercício, você pode desenvolver a língua do seu bufão, mas lembre-se, bufão não fala, só se comunica por grunhidos e sons, como um bebe. Ache o seu som mais horrível. Esse é o seu bufão, mostre-o para os seus amigos, aprenda a ama-lo. Enfim, aprenda a amar tudo que há de mais ridículo em você.

Cobras

Ravi shankar e haxixe me levam a um certo lugar. Uma vez estive lá e uma criatura apareceu. Ele era bem sinistro, tive um pouco de medo, mas resolvi esperar para ver o que acontecia. Me deitei e senti que ele me envolvia, começava pelos dedos dos pés, uma sensação eletrificada. Eu sentia que ia me envolvendo aos poucos, ate que enfim, me engoliu inteiro. Era como se eu estivesse mergulhado num mar de sensação, era como se esse abraço dissolve as minhas fronteiras. Comecei a sentir menos e menos os limites do meu corpo, me fundindo com a cama e com o ar. Foi ai que a criatura apareceu como imagem, ela era humanóide, mas não tinha rosto, apenas um contorno de luz azul. Ela se ajoelhou ao meu lado, e começou a dar facadas numa bolha branca que me envolvia. As facadas iam lacerando e criando aberturas na bolha e de repente tudo que eu conseguia ver eram pedaços da bolha largados por todos os lados. Ele cortou tudo, até que não sobrou nada. Me senti nu sem aquela bolha. Não sabia o que era, mas tinha gostado dela. Mal tive tempo de pensar quando fui arrebatado pela visão de uma cobra que vinha subindo como se nadasse para cima pelo espaço. A cobra vinha numa velocidade absurda e ela logo foi acompanhada por uma profusão de outra cobras que vinham serpenteando do mesmo centro, criando uma espécie de flor. À medida que a musica criava mais tensão as cobras surgiam mais e mais. Eis que subitamente, me bate a porta alguém, eu abro os meus olhos.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

EHEIEH

No oeste, eu sou este "eu sou".

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Mapa Nº2:

O mapa do 3 que é um aspecto do 1

Olha que interessante, reduzindo tudo a sua faceta mais simples podemos observar no universo apenas: o observador, tudo que é obervado e a interação dessas duas partes. Burroughs uma vez disse que toda vez que duas mentes são postas juntas, parece haver uma terceira mente superiora, como um colaborador secreto. Pensando sobre isso podemos entender a lógica trinaria da maior parte das religiões, e ganhar ate um entendimento geral e maior de toda a magia e dinâmica do numero três.

Comecemos pelos hindus por que foram eles mesmo que começaram. Temos Brahma, Shiva e Vishnu. Bom, Brahma respirou e o universo existiu, agora ele não vai mais voltar, só no dia que o universo tiver que ser criado de novo. Ele é o grande responsável pelo universo, tudo que existe nesse mundo é sua criação. Shiva é o destruidor, e notadamente a personalidade transcendental. Freud quase entendeu a psicologia de Shiva quando desenvolveu a sua tese da pulsão de morte, mas sua linearidade ocidental não deixou entender que o impulso não era para a morte física e literal, mas sim para uma morte figurativa. Morrer é um velho habito humano que os europeus nunca souberam dominar. Vishnu é talvez o “maior” deus, apesar de Brahma ter criado o universo, é Vishnu quem sonha o drama cósmico. Ele é o mantenedor do cosmos. É responsável pela ordem. Enquanto tudo esta em andamento ele permanece dormindo, mas quando o caos impera, ele vem salvar o mundo com uma de suas encarnações. Ele representa o aspecto da sagrada interação, esse universo foi criado, e nos não conseguimos alcançar essa criação inicial jamais, se não pelo caminho desse deus que é como se fosse o gerente divino do panteão hindu. Nós não veremos a verdade da criação, nós só vemos Vishnu. Shiva é puro inconsciente, pulsão de morte e renovação, ID. Vishnu, ou o espírito santo poderiam ser o ego, uma vez que ele é a o único ponto de contato do infinito de dentro com o infinito de fora.

Já na mitologia católica. Temos a figura do Pai, como o aspecto criador ativo de deus todo poderoso, tudo que há. O filho foi representado como cristo pela igreja católica ate então. Mas é uma sabedoria comum entre certos rastafáris heréticos (os mais avançados teólogos da mitologia cristã atualmente) que todos nós somos Jesus Cristo. Eu proponho então, que interpretemos como o observador, aquele que experimenta, nós em ultima analise. E o espírito santo seria a sagrada interação. Notem como o aspecto da interação é representado como a figura feminina (o espírito santo é o notadamente o aspecto feminino da trindade) e como o modelo catolico não tem uma figura responsável pela dissolução e pela morte como os hindus. A Kabhala também faz um jogo muito interessante com o numero três. Diz-se que assim é a arvore da vida: Um dia não havia nada, ai esse nada virou alguma coisa. Essa coisa pungiu energia por muito tempo, até que um dia ela percebeu que existia e nesse exato instante ela virou três coisas: ela, ela se observando, e a sua interação. Essas três que eram uma perceberam que existiam e rapidamente eram nove coisas. E assim se criou a arvore da vida.

Aleister Crowley, que era um sujeito bastante esperto, atualizou o mito do nº 3 para uma perspectiva moderna. Ele elegeu três deuses do panteão egípcio para representar os aspectos do homem do novo Aeon. A tal da Teogonia de Thelema conhecia Nuit, Hadit e Ra-Hoor-Khuit. Nuit é tudo que há nesse universo, a soma de todas as perspectivas diferentes, o circulo completo. Hadit é o centro do circulo, um ponto sem dimensão, nem altura nem largura nem profundidade, ele é o menor ponto que existe não há nada nele alem dele mesmo, o puro observador. Ra-Hoor-Khuit é o porta voz do novo tempo. Ele é horus o deus falcão, o filho, representando num só ser a potencialidade do masculino e do feminino. Ele é “a nova palavra” a nova forma como Crowley achava que o homem deveria se relacionar com o mundo. Ele achava que cada Aeon tinha um deus “gerente”, que já tínhamos conhecido na nossa historia o período governado por Isis, nos nossos primórdios como homens em contato com a natureza nas sociedades primitivas, e Osíris, desde o Egito ate o inicio do século vinte, um período marcadamente patriarcal e autoritário. Agora é o novo Aeon, a hora do filho, do caminho do meio da potencialidade total do masculino e do feminino combinadas, essa é parece ser a base da nova Trindade Thelemica. Já não devemos mais nos relacionar com o mundo da forma passiva como fazíamos no começo, nem da forma super-ativa como viemos fazendo ate agora, mas sim de uma forma graciosa e equilibrada. Salve a besta!

O nº 3 parece ser um mito que acompanha o homem desde tempos imemoriáveis, a maneira como ele contou essas historias parece dizer muito sobre os povos que as escreveram e sobre os tempos em que foram escritas. Esse mapa será um canal para o homem testar eternamente a sua relação com tudo que o cerca.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

A cidade e os seus Abortos

Maquinas enferrujadas, barulhentas e poluentes. Homens, doentes do corpo, da alma e da mente, machucados, cheios de puz e secreção.

O acumulo das excessões, dos excessos e do excedente. A cidade pode ser o fim de uma longa cronologia de fatos, iniciada com a domesticação do gado e a descoberta da agricultura. Essas duas tecnologias puseram pela primeira vez o homem em contato com um excedente de produção. Desde então, lidar com essa sobra se tornou uma das nossas maiores obsessões, seja em mercadorias ou no seu equivalente moderno, a moeda. A cidade é o coração do excesso, bombeando desperdicio por suas veias rodoviarias. Ela é o maior centro de concentração de excedente em toda a breve historia humana. É tanto ouro e tanto lixo junto, que você começa a achar que eles são a mesma coisa.

O verão

O meu irmão vem cá, vem que eu quero te contar do calor. Vem que eu quero te falar da ebulição do verão. Eu to falando de nós, seres macroscópicos sempre tangendo o micro, eu to falando das nossas elaboradas membranas que nós chamamos de derme e que abrigam tantos processos análogos aos mitocondriais. Estou falando de gente essa co(s)mica reprodução. Somos o pastiche das células, representamos em nossos processos caminhos e urgências, diários anuais ou centenários maturações que nem conseguimos ver. Mas o que acontece, meu irmão, quando chega a fatidica estação é que as moléculas se esquentam, nossa grande parte fluida se agita, inflama, ebule , como qualquer água, como sopa primordial que é.

Tecnica nº1:

Abandono

Desenvolvi essa técnica que parece que se desenvolveu em mim. Baseado em minhas observações constantes sobre a natureza do meu querer, cheguei à conclusão de que se trata de uma sensação associada a uma aflição interna que me impede de permanecer satisfeito com o que eu já tenho. Isso geralmente me lança numa busca frenética por algo que me sacie, o que costuma ser mal interpretado pela minha mente consciente como anseios por sexo, drogas ou outros ideais utópicos. Nesse ponto onde tudo o que há em mim é pulsão sexual latente, eu agora opto por me abandonar. Eu abandono a vontade, repito internamente que o cosmos ou o caos vão dar um jeito na situação para mim, que o universo é inexorável e eu não tenho o controle. Eu me esforço para abandonar o instinto de manter-se apegado ao que se quer, e simplesmente, abandono. Pesquisas mais profundas com esse método acabaram me levando a momentos de iluminação sobre a natureza do desejo em si, que esta tão entranhado no que pensamos ser a gente que a coisa toda pode acabar ficando muito esquisita com o tempo. Recomendo cautela e generosidade.

Mapa nº1:

O Meta-Mapa

Essa é a forma mais básica e mais libertadora de mapear o mundo que nos cerca. Para o Meta-Mapa a realidade é tão vasta e insondável que qualquer tentativa de mapeá-la congelaria suas possibilidades. Dentro das direções do Meta-Mapa, os mapas (ou crenças, as formas que criamos para nos relacionarmos com o mundo) são meios para se alcançar um fim, não fins por si só. O usuário do Meta-Mapa é livre para flutuar por qualquer possibilidade de mundo que ele ache que lhe cabe melhor, sempre mudando, criando e editando sua visão a seu bel prazer.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Liturgia Psicodelica - Como escapar da armadilha da beleza e da bondade.

Lembre-se

Escolher o belo... assim se define o feio.
Escolher o bem... assim se cria o mau.
Como você escolhe sua beleza,
Você desenha o seu sofrimento.

A moeda que você esta forjando tem dois lados.

Melhor voltar ao rio do Tao.

Pois é verdade
Que os opostos existiram apenas para você.
Atrás da sua cara e da sua coroa,
Por todos esses anos,
Dançou o uno.

Todos os sons se harmonizam
Todos os jogos são empates.

O seu Deus se prepara para bater um penalty
Chuta de esquerda no canto da caixa.

GOL!!!!

Comemora o seu diabo na torcida.

Traduzido de Psychedelich Prayers for the Tao The King por Timothy Leary

Um cultivo

O processo de criação e cultivo de um fungo, e posteriormente do seu fruto e órgão reprodutor, o cogumelo, é dos mais fascinantes. O primeiro dado que me levou ate isso foi a aparente facilidade do procedimento, e a velocidade com que ele gerava resultados. Uma bandeja com o micélio e o substrato demora por volta de quinze dias para colonizar, e algo entre 2e 5 dias para produzir cada fluxo de cogumelos. A produção do micélio é alcançada através da colonização com esporos de grandes massas de matéria orgânica em recipientes de vidro. Todo o processo é muito diferente da jardinagem usual, completa assepsia é requerida na hora dos procedimentos devido à fragilidade da cultura do micélio. A possível contaminação por outros fungos impede o seu desenvolvimento completo e a tão desejada colheita final. Isso exige algumas considerações. Apesar da sua simplicidade, eu me enganei ao acreditar que alcançar produção eficiente e consistente seria uma tarefa fácil. Tudo a respeito da criação de cogumelos é detalhista. É uma atividade que exige sua dedicação total, milhares de fatores devem ser levados em conta e checados antes de se proceder com as instruções de preparo em si, coisas como um banho de esfregão completo isolamento e esterilização do ambiente, rapidez no processo, evitar respirar sobre as áreas colonizadas, etc. Isso traz aos métodos de preparo científicos uma certa pompa ritualística, alem de fazer com que você efetivamente se envolva com o processo de criação do material enteógeno que você consumirá. É desnecessário dizer que este tipo de envolvimento com a criação de um ser vivo cria um outro tipo de relação entre você e ele, joga outra luz sobre o consumo. O momento que eles começam a “frutar”, como é conhecido a fase de crescimento dos cogumelos em si, é a mais incrível de todas. Tudo começa quando a matriz de teias do fungo se intensifica num ponto ate se tornar uma espécie de solido aveludado. Daí, surge uma pequena pontinha, um mini cogumelo, e eles vem em grupos de quatro ou cinco, são como pinos. Você vai na rua e volta e eles já são pequenos projetos de cogumelos, com as cabeças fechadas ainda. É difícil de acreditar a velocidade com que eles aparecem. Fico deslumbrado me perguntando que ser é esse que cria um pedaço maciço de carne, podendo pesar até cem gramas, num período de três dias. O seu amadurecimento está completo quando eles abrem totalmente a chapeleta. Há quem colha antes, tenho um amigo que apreciava especialmente quando ao andar pelo pasto achava um espécime com a cabeça fechada, ele admirava o que ele chamava de “crocancia da psilocibina”. Crocando ou não, o destino é o mesmo: o inevitavel encontro com o outro, que é você.

Do caos veio o mistério, meu primeiro segredo sagrado e elixir do conhecimento. E ai foi assim, só uma questão de tempo para ele estar em todo lugar. Numa guimba na areia, num açougue, sentado do meu lado na praia sorrindo, em uma esquina americana, num céu azul, na mata profunda brincando solta que nem macaco, nas minhas mãos e num animal morto. Em todas as coisas, as mais belas e as mais horríveis. O mistério dançava com sua consorte, Kali sobre cada par de olhos, e através de cada um, contava uma historia inteira que eu nunca iria ouvir.

Marginal

Todo dia normal é tão cheio
de extremos entremeados
que o momento vira mercúrio,
foge de todas as minhas tentativas de segura-lo.
Um alquímico fluido filosofal,
eternamente vazando por entre meus dedos.

As vezes sinto que vem uma palavra capaz,
sintetizar todo o potencial daquele segundo.
Mas, mais uma vez ela chega atrasada.
É sempre tarde demais
pra qualificar o agora.
Não adianta
As coisas permanecerão mudando.
E o mundo externo,
será essa dança eterna,
do meu êxtase com a minha dor.

Como com aqueles macacos.
Uns macacos hoje vieram na minha janela
e me mostraram a bunda.
Que convergência sublime do meu existir!
O sol e os macacos, debochando da própria beleza.
Eles gritavam um gritinho ridículo e eu ri com eles,
mas eles não acharam a menor graça.

Não tive medo.
Hoje é o dia da caça.
Caça ao caçador.
Esta declarada a temporada dos homens,
quem tiver de sapato não sobra.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Psylocibina

A proteina do futuro

Aula de Antropologia

- As diferentes formas de conhecer e explicar o mundo a nosso volta.

SOLTOU O GIZ E ELE CAIU -> Senso Comum

SOLTOU O GIZ E ELE FOI ATRAIDO PARA O CENTRO DA TERRA PELA GRAVIDADE ->
Explicação Cientifica

SOLTOU O GIZ E ELE FOI ATRAIDO PARA O GRANDE CORPO DE GAIA ->
Explicação Mágica

Tres explicações possiveis para o mesmo evento no continuum tempo-espaço, cujo resultado final é de uma indeterminação constante. Não existe uma solução, as tres são modelos linguisticos para o mapeamento do evento em si mas não dizem nada a respeito dele, o evento continua um misterio insondavel. A realidade continuará sempre o eterno misterio.

Resignificar

Elaborar

Transformar

domingo, 17 de agosto de 2008

O inferno é um lugar inchado de gente inchada, que já sentiu tanto que desgastou todo o nervo que há. O inferno é um lugar entediante onde nada acontece e tudo que a gente quer é esquecer mais um pouquinho. O inferno é o lar das pirocas esfoladas e inchadas de tanto foder. De tudo que estorou e ja não sente mais, depois de tanta repetição.

dança

Sentado no taxi, contemplo uma lua do tamanho do meu punho fechado. Penso em aplaudir, mas o silencio é reverencia maior. Volto pra casa depois de uma noite explorando a catarse da dança. Avançando na tecnologia da entrega a um ritmo. Danço como que cavalgando, pulo em cada pé, quase abaixado, como quem investe contra algo, mas o que? Jogado nessa minha batida com tons de xamã, me exploro com sutileza. Quando não sou capaz de obliterar minha mente, abordo questões que me ocorrem. Discuto comigo e com os outros, assuntos que exigem sinceridade, num esforço para manter-me honesto. Me lembro das mentiras, mas não sou tão duro comigo. Exploro minhas memorias e vejo que eu sempre fui capaz de tudo, exploro o perdão. Suo, em bicas, esse é o meu liquido sagrado. O elixir alquemico, unico produto fisico da minhas transcendencia.

domingo, 3 de agosto de 2008

O sagrado

É uma sensação louca quando parece que o misterio não cabe em você, e ele não cabe.