quarta-feira, 14 de março de 2012

II





Homem,
eu te completo,
eu te nutro,
eu te pari
e eu te parto.

Eu sou o dobro de você
algo mais sofisticado.

Eu sou um silêncio
por que não faço sentido.
Apenas sou sentida,
sou o que sente.

Uma sensação muito antiga:
espécie de fala do corpo
onde não se diz muito além do óbvio.

Não há controle.
Eu sou através de você,
sou o acontecer natural.

Não sou explicações para estar vivo,
sou a vida
sendo vivida.
E no entanto,
sou um mistério.
Estou escondida
dentro de nossas peles.

Parece que no momento
em que me revelo
desapareço, me altero.

Se você tem a certeza
de que me achou
certeza de que estou
lá.
Cuidado.
Eu sou o que muda
de lugar.

sábado, 10 de março de 2012

I





Quem é este que brinca ilusões,
fabrica verdades,
me cria mil mascaras, variedades?

Sou eu esta força
que opera estes truques?

Mídia que se media
da meia noite ao meio dia.

Será este suposição
o mapa de uma união
entre a carne humana
e uma divindade profana?

Com suas armas sobre a mesa
um ilusionista exibe seu repertório encantador.
Dinheiro some e aparece
como em wall street num computador.

É tudo verdade e mentira.
diz a fala tranquila do enganador.
É tudo mentira e verdade.
O principio da unidade é multiplicador.

Um xamã vive na beira de tribo
brinca com as realidades
como um malabarista de sentidos.

Seu maior poder, dizem,
é que ele é quase louco.
Só há um detalhe: ele tem um plano.
Isso o redime de sua tolice
um pouco.