terça-feira, 30 de julho de 2013

O sabat das bruxas


Essa noite quando as bruxas
forem soltas em seus deleites
delirantes, eu estarei lá
para ama-las.

Para ter-me num ato súbito
perante um deus tão poderoso
que sua loucura é mudança,
é poder.

Em horrorosos gozos
as inconscientes feiticeiras
exibirão seus corpos:
delicias desesperadas.

De fato, o que todos desejavam ali,
sem saber,
era que aquele fosse realmente
o sabath das bruxas
e que se abolissem os aleijantes decoros sociais
que impedem seu Êxtase.

O que os corpos desejam
sob o poder da Lua e dos Vinhos
é nada menos que perder-se
na violência das fricções.
No mais deslumbrante horror
dos nossos corpos vivos.

Fazer como as bruxas
e urrar destemidamente sua paura.
Adentrar a noite escura
pois não há mais opção
que não
que eu e ela sejamos uma.

Sorrimos depois de tremermos,
pois estávamos diante
de um poder ancestral
e estes merecem deslumbre e terror,
não necessariamente nessa mesma ordem.

Fossem sete  os mamilos de Dioniso
e ela dançaria
com tesudo magnetismo
perante disposto e iniciado casal.
Triangulando polos.

Seu nome ali era desejo
e em seu corpo permitiu
amores clandestinos,
materializando propostas
de outras expressões do afeto.

A noite era longa,
suas disposições - indefinidas,
e  a eletricidade abastecia os olhares.
Na escuridão o ar
parecia brilhar:
era aquela força que envolvia
que o meu corpo percebia
como sente a planta o vento
pois é ele sua energia.

A noite era fria,
eu vibrava, mais que tremia.
Sob o teto e o tambor,
o calor das paixões criava um forno,
era o amor,
a redentora sabedoria dos tolos.

Celebravamos, pois era chegada a hora.
Não que razão houvesse,
embora motivos não faltassem.
Ter sangue por exemplo!
E senti-lo correr, ou ferver ou esfriar.

Ali, naqueles gritos
e nos braços buscantes de céus
a união era vivida.
Enfim! Diziam vários
sem saber,
com seus corpos suados
e sorrisos  envenenados
comunicando divino prazer.

Percebiamos o fluir noturno do poder.
e sua inevitavel acumulação
em cada corpo que gozava elevação.

Será que ela sabia
da força daquele ritual?
Aquele avatar do Jaguar,
ser melado, dos trópicos - meridional.
Se não, que estranha sensação
de onde mais viria
sua pungente força,
sua carismática agonia?

Nossas libidos faziam ninho naquele corpo
e sendo dois desejantes, -
conjunguê mistério conjuntural:
querer em dobro.

O desejado,
não sei mais
se é algo além de bandeira
pro desejo visceral
animal, que sendo primal
mais uma vez se deseja atual.