quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Mapa Nº2:

O mapa do 3 que é um aspecto do 1

Olha que interessante, reduzindo tudo a sua faceta mais simples podemos observar no universo apenas: o observador, tudo que é obervado e a interação dessas duas partes. Burroughs uma vez disse que toda vez que duas mentes são postas juntas, parece haver uma terceira mente superiora, como um colaborador secreto. Pensando sobre isso podemos entender a lógica trinaria da maior parte das religiões, e ganhar ate um entendimento geral e maior de toda a magia e dinâmica do numero três.

Comecemos pelos hindus por que foram eles mesmo que começaram. Temos Brahma, Shiva e Vishnu. Bom, Brahma respirou e o universo existiu, agora ele não vai mais voltar, só no dia que o universo tiver que ser criado de novo. Ele é o grande responsável pelo universo, tudo que existe nesse mundo é sua criação. Shiva é o destruidor, e notadamente a personalidade transcendental. Freud quase entendeu a psicologia de Shiva quando desenvolveu a sua tese da pulsão de morte, mas sua linearidade ocidental não deixou entender que o impulso não era para a morte física e literal, mas sim para uma morte figurativa. Morrer é um velho habito humano que os europeus nunca souberam dominar. Vishnu é talvez o “maior” deus, apesar de Brahma ter criado o universo, é Vishnu quem sonha o drama cósmico. Ele é o mantenedor do cosmos. É responsável pela ordem. Enquanto tudo esta em andamento ele permanece dormindo, mas quando o caos impera, ele vem salvar o mundo com uma de suas encarnações. Ele representa o aspecto da sagrada interação, esse universo foi criado, e nos não conseguimos alcançar essa criação inicial jamais, se não pelo caminho desse deus que é como se fosse o gerente divino do panteão hindu. Nós não veremos a verdade da criação, nós só vemos Vishnu. Shiva é puro inconsciente, pulsão de morte e renovação, ID. Vishnu, ou o espírito santo poderiam ser o ego, uma vez que ele é a o único ponto de contato do infinito de dentro com o infinito de fora.

Já na mitologia católica. Temos a figura do Pai, como o aspecto criador ativo de deus todo poderoso, tudo que há. O filho foi representado como cristo pela igreja católica ate então. Mas é uma sabedoria comum entre certos rastafáris heréticos (os mais avançados teólogos da mitologia cristã atualmente) que todos nós somos Jesus Cristo. Eu proponho então, que interpretemos como o observador, aquele que experimenta, nós em ultima analise. E o espírito santo seria a sagrada interação. Notem como o aspecto da interação é representado como a figura feminina (o espírito santo é o notadamente o aspecto feminino da trindade) e como o modelo catolico não tem uma figura responsável pela dissolução e pela morte como os hindus. A Kabhala também faz um jogo muito interessante com o numero três. Diz-se que assim é a arvore da vida: Um dia não havia nada, ai esse nada virou alguma coisa. Essa coisa pungiu energia por muito tempo, até que um dia ela percebeu que existia e nesse exato instante ela virou três coisas: ela, ela se observando, e a sua interação. Essas três que eram uma perceberam que existiam e rapidamente eram nove coisas. E assim se criou a arvore da vida.

Aleister Crowley, que era um sujeito bastante esperto, atualizou o mito do nº 3 para uma perspectiva moderna. Ele elegeu três deuses do panteão egípcio para representar os aspectos do homem do novo Aeon. A tal da Teogonia de Thelema conhecia Nuit, Hadit e Ra-Hoor-Khuit. Nuit é tudo que há nesse universo, a soma de todas as perspectivas diferentes, o circulo completo. Hadit é o centro do circulo, um ponto sem dimensão, nem altura nem largura nem profundidade, ele é o menor ponto que existe não há nada nele alem dele mesmo, o puro observador. Ra-Hoor-Khuit é o porta voz do novo tempo. Ele é horus o deus falcão, o filho, representando num só ser a potencialidade do masculino e do feminino. Ele é “a nova palavra” a nova forma como Crowley achava que o homem deveria se relacionar com o mundo. Ele achava que cada Aeon tinha um deus “gerente”, que já tínhamos conhecido na nossa historia o período governado por Isis, nos nossos primórdios como homens em contato com a natureza nas sociedades primitivas, e Osíris, desde o Egito ate o inicio do século vinte, um período marcadamente patriarcal e autoritário. Agora é o novo Aeon, a hora do filho, do caminho do meio da potencialidade total do masculino e do feminino combinadas, essa é parece ser a base da nova Trindade Thelemica. Já não devemos mais nos relacionar com o mundo da forma passiva como fazíamos no começo, nem da forma super-ativa como viemos fazendo ate agora, mas sim de uma forma graciosa e equilibrada. Salve a besta!

O nº 3 parece ser um mito que acompanha o homem desde tempos imemoriáveis, a maneira como ele contou essas historias parece dizer muito sobre os povos que as escreveram e sobre os tempos em que foram escritas. Esse mapa será um canal para o homem testar eternamente a sua relação com tudo que o cerca.

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