quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Marginal

Todo dia normal é tão cheio
de extremos entremeados
que o momento vira mercúrio,
foge de todas as minhas tentativas de segura-lo.
Um alquímico fluido filosofal,
eternamente vazando por entre meus dedos.

As vezes sinto que vem uma palavra capaz,
sintetizar todo o potencial daquele segundo.
Mas, mais uma vez ela chega atrasada.
É sempre tarde demais
pra qualificar o agora.
Não adianta
As coisas permanecerão mudando.
E o mundo externo,
será essa dança eterna,
do meu êxtase com a minha dor.

Como com aqueles macacos.
Uns macacos hoje vieram na minha janela
e me mostraram a bunda.
Que convergência sublime do meu existir!
O sol e os macacos, debochando da própria beleza.
Eles gritavam um gritinho ridículo e eu ri com eles,
mas eles não acharam a menor graça.

Não tive medo.
Hoje é o dia da caça.
Caça ao caçador.
Esta declarada a temporada dos homens,
quem tiver de sapato não sobra.

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