Viu a menina no canto do bar. Não a conhecia, na verdade nunca trocara meia palavra com ela. Falar não era o seu forte, ele olhava pra ela, e já fazia um tempo. Era amiga de um conhecido, e, a algumas mesas de distancia, o cumprimentava. Sentiu a barriga revirando, uma sensação esquisita passando pelo corpo. Seu discurso ficou errático, que mulher magnética. Intensamente buscou o copo, que bebeu quase que de uma vez. Burro. Sabia, pois se conhecia bem, que tinha menos chance com o álcool, não, mentira, isso era uma injustiça. Em pequenas doses ele poderia ajudar, quebrar aquela inibição esquisita, a falta de assunto. Mas ele sabia que não era um cara de pequenas doses, se bebia era pra fugir e o seu nervosismo o seguia, por isso agarrava o copo e bebia mais rápido do que podia.
Os dois se levantaram da sua mesa no canto e vieram na sua direção. O amigo apresentou “Camarada, essa aqui é a Joana”. “Prazer” o que ele ia dizer¿ Era péssimo com isso. Os dois sentaram e pediram outra cerveja. Ele terminou o copo e voltou a enche-lo. Conversaram, mas o papo morria rápido, nenhuma conversa engrenava, ele foi perdendo as forças, ficando vez menor. Outras pessoas sentaram, ela riu do que todos tinham a dizer. Parecia que ria fácil, ele deveria saber dizer alguma coisa engraçada. Ele sempre sabia, o que havia de errado agora. O que fazia ele tão desinteressante toda vez que alguém lhe interessava¿ Buscou desesperadamente algo de fascinante pra dizer, algo de digno pra ser ou exibir, la de dentro. Mas toda tentativa era patética, quanto mais tentava mais ele se afundava numa poça de mentira. Enfim preferiu se ater as frases neutras, mas viu que tentar neutralizar-se chamava mais atenção. Simplesmente não tinha nada que fizesse que pudesse corrigi-lo naquela hora, estava grande demais para si mesmo.
Levantou-se, bebado. Era hora de dar um fim naquilo, olhou para a garota nos olhos, mas ela não respondeu. Desviou o olhar para o amigo, que cumprimentou com uma batida no ombro. “Valeu galera!” falou acenando pra mesa. Alguns responderam, outros continuaram suas conversas. Chegou em casa torpe, ligou a TV e deitou na cama olhando pra cima, não se deu o trabalho nem de virar pra ela. Sentia-se dormente e solitário. Pensou em culpar a menina, a sorte, o destino e o que mais¿ Por fim caiu em sua razão, riu de si mesmo, e fez tudo que podia, deixou-se derreter no sono entorpecido que formigou o seu corpo inteiro ate a escuridão total.
3 comentários:
quando falta sagacidade para conectar as linguagens...
ah, jay, quer enganar quem, você é um garanhão!
eu so engano a mim mesmo manuque
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