quarta-feira, 1 de outubro de 2008

São sempre as mesmas formas quando começo um texto. Parece robótico, períodos, termos e sentenças que se mesclam e refazem, alternando-se sem alterar seu significado.Posso me sentir bloqueado, perdido, num labirinto semântico que eu mesmo criei. Aí, o texto tenta começar de milhares de formas, todas soam frágeis, sem propósito. Faz-se necessário parar pra perceber que ele é pura estrutura, o que estou comunicando então?.Não era esse o propósito, comunicar? E se um se vê no lugar aonde tudo que ele necessita para purgar suas feridas é se comunicar, e no entanto, ele não acha nada de dentro da alma dele que seja digno de se dizer em palavras. E se tudo que um pode comunicar é a completa falta do que dizer, mas não de uma forma transcendente, e sim de uma forma que te engessa, a angustia desesperada de confrontar os seus limites. As vezes é verdade que a vida fica vazia, ai já não se tem muito o que dizer, sabe como é. Como fugir disso? Como fugir de você, da obviedade de ser quem se é dia após dia. Outro dia eu acordei cansado, e não quis sair da cama. Fiquei pensando, preciso me livrar desse cansaço, esse cansaço me impede de ser.

3 comentários:

Unknown disse...

O verbo voa.

Anônimo disse...

Às vezes, me pego tendo os mesmos conflitos, as mesmas questões.
O que tento fazer para me sentir completo e preencher o vazio é produzindo. Tento elaborar projetos e estabelecer metas com um único objetivo, construir um legado. Agora, se vai abalar o mundo ou não, aí eu não sei. Mas ao final de cada frustraçao e angústia, sempre fico feliz ao pensar que, no mínimo, deixarei aquele velho e mofado baú.
Que meu neto, todo dia que estiver entediado, vai subir na escada e alcanca-lo na estante para mostrar para os colegas e as namoradas.
Cada um no seu quadrado

Manuela Cantuária disse...

nao sei como você consegue, escrever de forma leve e livre mente sobre o peso de existir