terça-feira, 10 de novembro de 2009

os arquemistas

Meus problemas,
Seus problemas,
Nossos problemas.

Muitos dilemas,
emblemas
da nossa angustia
compartilhada.

Geração fadada ao processo,
não ao progresso.

Nosso nome,
não sei ao certo.
Suspeito
ser um verbo
ou um verso.

Depurar o incerto,
isso sim,
gesto concreto.
Idéias em aceleração máxima, provocando acidentes de catárticas proporções. Intuições de eufórica intensidade determinam os ritmos da criação. A morte, como tudo recriada, agora representa o mais refinado conceito de vida: um ente eterno deglutindo-se, recriando-se... um calesdocopio biológico que vomita novas camadas ontológicas, infológicas, metalógicas, ou qualquer logica que se atreva a imaginar. Uma sequencia de flores que brotam de dentro de si mesmas na mais bela das danças vegetais. É o convulsivo movimento criativo do vazio. O Tudo muda, o Nada permanece.

a vida

uma gargula fantasiada de anjo (ou um anjo fantasiado de gargula) gozando, expelindo duplos, triplos, multiplos, num teatro karmico (ou seja, baseado em ações) que mostra-se um fluxo de orgasmos e sensações.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

o onibus treme com pressa, me dificulta a escrita

escrevo
por que inscrevo em mim
essas palavras.

inscrevo
por que escavo em mim
essas imagens

imagino
que por agora
me sirvam de verdades

imagino
que enquanto isso
estudo minhas vontades

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Poeira

Poeira (dust) from João Maia on Vimeo.


09/2006
Com Angelo Antonio

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

O Tao Teatro ou correndo contra o impulso de ficar calado transformando os estados processuais do estar em palavra


Nos fomos excelentissimos deuses do universo num quarto de espelhos tão translucidos quanto o amanha infinito da gargalhada em sub e sobretons teatrais as mascaras são uma só delirando gargalhando e chorando essa maravilhosa comedia tragica que chamamos existir neon e os fantasmas ultra violetas da grecia antiga que perpassam nossos seres tangem nossa carne anunciam o infinito das farsas o infinito das mascaras o infinito das faces eternamente trocando em orgasmos ritmicos mas tinha era que continuar pra sempre pra ter o espectro de realidade dessa coisa desse elefante branco que deita e rola em cima da gente e do jeito que a gente estiver seja escrevendo e resistindo ao impulso a tentação de parar de dar a existencia esse tom de leitura a cada instante que passa depois do outro nesse bardo gigante vomitando fantasias que chamamos realidade
O espaço
é um ponto
no traço
do tempo

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

process junkies

terça-feira, 15 de setembro de 2009

A noite de Dionisio


Que deleite é conhecer mais uma parte de ti
ó Dionisio
mais uma parte de sua deliciante textura.

Venha ó temor obscuro
rasga-me em pedaçoes
me desconstrua.

Torce minha carne
me enuda
diante de tua desconcertante presença noturna.

Por que eu entendi dos prazeres infernais,
das dores horripilantes preferidas pela carne.
Eu experimentei na pele as engrenagens
e energias da mais sublime tortura.

Vi tudo isso estatelado no chão
rumo ao coração da noite escura
com a chama da vela em trépida vacilação
projetando meus demonios na pintura.

Vi seus rosto bestiais desfigurados
caleidoscopios deformes e horrorosos.
Sorri pros meus temores mais velados,
como quem acena para um amigo na rua.

E se um dia tornar a visita-los,
ou tê-los como hospedes de ultima hora:

saberei aliviado
que seu pior truque afiado
é um extase violento que me adora.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Distraidos Venceremos


As vozes do mundo me parecem sempre tão certas, que me pergunto se deixarei um dia de ser esse tolo que sou. Fico pensando se um dia minhas frases conterão tanta certeza quanto as que vejo por ai. Mesmo nos assuntos que estudei, mesmo quando que acho que sei, ainda levo essa consciência estranha da minha tolice, da minha limitação humana.
Como eu posso fugir desse mais primordial aspecto do que me compõe? Como pode? A vida dar tantas voltas e voltar pro mesmo ponto? Como posso eu ter certeza, quando a própria certeza já me deu dez, cem mil rasteiras? Como posso ser tão rasteiro a ponto de me achar maior que o meu caminho? Como posso evitar o ponto único que me acompanha em cada etapa do meu destino? Como posso sentir-me qualquer coisa diferente daquele andarilho sorridente que não suspeita de nada? Me parece que eu só ajo como tolo na medida que me conecto com minha tolice. Só me conheço tolo, esse seminal aspecto do meu ser, quando permito-me enxergar-me como tal.
E a tolice pra mim se manifesta nesse devir mental, nessa distração intrínseca ao meu ser. Quando sinto essa estranha sensação de cada dia como primeiro dia, cada passo como primeiro passo me lembro de novo que estou tolo, que posso cair do penhasco. As vezes me lembro a todo momento, como uma obsessão que não ouso largar. Como se a consciência da minha tolice pudesse me salvar de um tropeço qualquer. Isso já me deixou louco, e louco por louco prefiro os distraídos, que a paranóia do outro pólo tem um peso fodido, difícil de segurar. Se outras horas me sinto mago, morte, diabo, lua ou sol, tento me lembrar que eu permaneço, foi o mundo quem mudou. Que eu, tolinho, continuo a caminhar pela estrada cheia de curvas que eu sei que devo trilhar.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

As vezes fico tanto tempo
longe do verbo
que me vejo substantivo
abstrato

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Putaquepariu, obrigado a todos.
Obrigado ao Daniel, ao lucas, ao guilherme e a manuela. Ao leo, à bia, ao pinho e ao philipp. Ao bernardo e ao Fabio. Ao cornelio e ao Fred. À maria (que é a minha gatinha que me impulsiona, meu amor em movimento), à rissa e ao duarte. A julia, ao raoni e a nathy. Ao meus pais (os dois), a minha mãe, aos meus avós e a minha irmã. Ao Gabriel, ao André e à Bruna. Ao matias, à Ana e à Loi. À rose, à célia e ao Del (por terem criado a Maria). A dionisio, shiva, vishnu, cristo, ao tiriri, aos exus e pomba giras, aos malandros, aos demonios, aos espiritos e a Antero Alli.
Obrigado a todos, a batalha ta so no começo.
Rambora.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Suspeito
que o infinito esta suspenso
entre dois suspiros.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Depois de toda elaboração quando se olha no fundo ainda existe uma vontade latente de gritar. Como se o grito representasse todo o não dito, todo o indizível, tudo que é pré ou pós linguagem (que no fundo não são a mesma coisa, mas se comportam da mesma maneira, uma presença catártica, uma plenitude atônita). O grito é como o oposto do silencio, e como oposto ele o completa. Santos oximoros, eles são a mais eloqüente não-linguagem, a mais latente vontade de se livrar de todo o fedor dessa merda cultural. O grito ensandecido ou o silencio perfurante são o que mais nos aproxima do animal que vive em nosso corpo e que teimamos em esquecer. Eles são a porta para o organismo vivo da nossa ação, a entidade inteligente da criação. Atentemos para o deleite do atrito do corpo com com o ar, com a terra e com a agua. Muitas vezes pensando, passemo a viver o ígneo principio que nos determina de dentro pra fora e de fora pra dentro e de dentro pra fora e de fora pra dentro... Vida longa aos ciclos, vida longa aos ritmos, vida longa ao corpo.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

entrega

Quando encontro Dionisio
isto é o que se passa, em parte:
eu lhe empresto minha carne
ele me empresta a divindade.

Praticamente, tornamo-nos um.
A ação que move meu corpo
se torna um prazer incomum,
o pensamento foge.

Então, é só ele quem me move,
me desfaço em ontologia,
o êxtase me envolve.

Enfim percebo no ser estranha essência.
Aqui envolto, não há dentro e não há fora,
tudo se embola sob esse manto de consciência.

sábado, 23 de maio de 2009

Da batalha do amor da terra com o amor do ar


Eu tenho duas amantes,
uma viva e uma secreta.
Uma tem a pele sedosa
que ela roça na minha barba e se espeta.
Tem sorrisos, beijos, desejos,
dedos que estalam, gracejos,
tem os olhos mais belos que vejo
e um infinito que me desperta.

Tem um gosto que complementa
e me aumenta, me expande a mente.
Tem um cheiro que me sustenta
e é acalento freqüente
a solidão que me isola
do resto de toda a gente.
Tem um jeito veemente de amar
meu jeito tão estranho de ser,
e de sempre perdoar,
calar, consentir, devotar
um generoso sentir, e aprender
um pouco com nosso viver.

Ela é tão bela que me cala,
não cabe no meu verso,
sua beleza é do espirito:
uma sublime forma de protesto.
Ela é um fim por si só,
mas não termina por aí.
Ela é apenas um pólo
nesse feminino complexo do sentir.

Penosamente
há ainda uma outra metade
em algo tão difícil de repartir.
A minha própria musa interior
que muito demorei a descobrir.
Percebi-a em um momento semelhante
quando por um longo instante
ela me abandonou.
Arrebatado, fui ao inferno em sua busca
nos cantos mais escuros do que sou.
Quando a achei foi tamanha plenitude
que a gente nunca mais se abandonou.
Nossa presença é mutua e constante
como uma alma que consigo mesma se casou.

Aconteceu então de aparecer a tal donzela
tão bela que por um instante me esqueci
da mulher que sempre carrego na lapela
e dos encantos magicos ,
dos recursos tragicos
que os espiritos tem pra si.

Cheia de ciume e vaidade
minha anima, incontentável, se feriu
e em inescrupuloso ato de vontade
teimou e não permitiu
que eu a amasse por completo.
De certo cai em sua armadilha,
a filha da mãe me convenceu
que se lhe abandonasse por um dia
seu toque nunca mais seria meu.
Custei a perceber a sacanagem
desse ato de metafisica mesquinhez.
Demorei mas entendi
que se sentia sua falta
certamente, a minha
ela havia de sentir.
Mas não foi que a ciumenta conclamou
todos os demonios do seu reino
e toda confusão que me assolou
veio da duvida que a matéria é pro sonho.
Batalhei os meus impulsos mais estranhos
apazigüei as mil feras do interior.
E percebi, enfim, que havia espaço
para amar ao mesmo tempo as duas partes.
com minha amante secreta eu criaria
e viveria com a de verdade.

terça-feira, 12 de maio de 2009

XV


Esse tal demonio
é uma voz da tentação
sussurando no meu ouvido
palavras de confusão.

Eu e ele somos um,
num só corpo tão plural.
Minha mente é toda nossa
de tal forma que não sei
quando é ele que pensa,
quando fui eu que pensei.

O sacana me engana
em meta-ataques cerebrais
me sacode quando fortalece
meus desejos materiais.
Ele quer o caminho debaixo
da carne bem rente ao chão.
Ele quer facilidade,
nao quer fazer força não.

Ele é um imã escondido
que me afasta da minha vontade.
O maior dos meus inimigos
pois sou eu, oposto à verdade
(a minha verdade).

Teoria do jogo


Ainda estou integrando
aquele poema que escrevi,
com ele evoquei
muito mais do que pedi.

Ha um poder estranho nas palavras
de trazer a tona verdades
e desdobramentos consecutivos
nos meus projetos de realidade.

É como se manipular perspectiva
fosse seu dom maior.
Por algum poder sem nome
que flui de qualquer lugar
meu ser transmuta do engano
para algo particular.

Escrever é um ato epifânico,
de se alçar transformações
nesse jogo profundo e humano
cada verso que surge
solve et coagula ilusões.

quinta-feira, 30 de abril de 2009

O incomodo é um monte
de merda
que você tem que meter a mão,
manusear e
apertar
que nem
massinha,
fazer uma
cagada
fedida
só pra certificar
que não passava de coco.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Epifânio enfim cede


Envolto
num negro profundo
um ser imundo
cheio de sangue, gozo,
tripas e recriação.

Os olhos parados
arregalados
gritam inertes
soberba revelação.

Pedem licença
como um rinoceronte
com pressa,

e nesse momento
ate o tempo
dá passagem.

terça-feira, 28 de abril de 2009

Lembrete

para o meu amor
(campo de batalha)


Meu amor não te esqueça:
os demônios
são bichos espertos
te atacam onde é mais certo
onde é difícil detectar.
Eles manipulam mercúrio
a matéria prima da mente
e com sua alquimia demente
criam um negro metal.
E na confusão terminal
que eles geram
confundes eles por ti
e as suas palavras imperam
e o inferno vira isso aqui.

Não te esqueças meu amor
a guerra de nossos tempos
será suspensa no ar.
Com idéias em choque
conflitos de hipnose
e toda sorte de poder invisível,
intangível, informacional.

Não te esqueças meu amor
que o amor é o mais heróico dos atos
a mais hedônica revolta para o status
do sexo como espirro genital.
Que ele é nosso alimento pungente,
seminal, nossa única e maior arma
nesse meta-fisico, prenho, duro,
constante, frenético e estranho confronto final.

Não podemos deixar que a batalha
escorra pelos nossos dedos
de uma vez por todas.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

o tempo é uma traça metafisica

terça-feira, 21 de abril de 2009

Um pingo suicida

Para Manuela Cantuaria

Um pingo,
desde do céu até a terra
faz seu trajeto trajado
de um fardo calado
expectante do ultimo instante,
onde enfim dará seu recado.

As gotas que batem no chão,
as tantas gotas em uni som,
não se ouviriam não fosse
a sua união.

Soube de um pingo angustiado,
que, ao longo de sua queda
teve uma vertigem daquelas
e quis desaparecer.
Achava que era mais um
pingo inútil no temporal.
Achava que havia algum jeito
de não fazer parte do som,
do sublime estrondo final.

Não via que ao sumir
sua diminuta massa d'agua
seria absorvida pelos pingos
que mais próximos estavam.

Não via que era impossível
para um pingo deixar de compor
a sinfonia constante
da chuva que cai com vigor.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

O belo



Algumas coisas são tão minhas
e elas são as coisas
mais preciosas.

Eu queria trocar com todos vocês,
mas eu nem sempre consigo.

Eu queria poder falar sobre Ela,
mas falar sobre ela é feri-la,
é ferir-me.

Ela é tão bela. E esta por todo o lado,
nas coisas que se movem
com misterio.

0 -> 21



Sou um mago tolo,
um místico sedento da aguas
dos rios que fluem ao lado
do caminho do coração.

Sou uma torre torpe,
um diabo que se entope
de si mesmo pra evitar
as armadilhas do chão.

Amo o sol pela luz
que me fornece, por ele
tudo cresce, tudo se vê.

Amo o mundo e o universo,
os dois nomes que se agarram
que se agregam, incompletos,
no senso do meu sentido final.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

O homem que se apaixonou pela boca de Saturno

O homem que se apaixonou pela boca de saturno
é noturno,
morbido e por tudo
que lhe faz solido:
ama a tal boca,
seu destino final.

O homem que se apaixonou pela boca de saturno
é um reconciliador de contrarios
e por ser temerario
de seu destino
resolveu ama-lo ainda mais.

O homem que se apaixonou pela boca de saturno
não esta morto,
mas descobriu num espelho
que reflete num segundo
toda a cronologia do mundo
que certamente
um dia estará.

O homem que se apaixonou pela boca de saturno
só vê no fim de tudo
(e logo em cada instante,
ja que a morte no mundo é constante)
um buraco muito escuro
e no meio do buraco,
lá no fundo do fundo,
um ponto de interrogação que não cabe no seu ser.
E por não caber inicia uma ação
de pura adoração
para tornar-se o que ja era:
o ponto em si.

O homem que se apaixonou pela boca de saturno
no seu delirio mais extatico
vê a boca enorme,
engolindo a todo momento o mundo.
E quando ve essa imagem,
TERRIVEL
não a vê como todos
TEMIVEL
ELA É O SEU GOZO MAIS SAGRADO

O homem que se apaixonou pela boca de saturno
viu o fim do mundo
e nele um urro, um grito
de orgasmo
do coito de um asno
(que é o Tao)
com ele mesmo.

São os duros misterios da carne
que se revelam no contraste
da luz com a escuridão.
O passado o presente e o futuro não existem
mais da forma que eu achava,
que eles se davam a existir.
Não são somente vetores ou marcos no tempo,
mas suas inevitaveis abstrações.
Novos, eles me parecem aspectos daquilo que eu sou agora,
não mais o passado, o presente e o futuro,
mas, minha relação com o passado,
minha relação com o presente
e minha relação com o futuro.

Estes tres tempos em si, agora eu vejo,
são nada mais nada menos que misterios
que eu teimo em cristalizar, vivo a rebatizar.

domingo, 22 de março de 2009

há, afinal, uma semelhança entre a ansia e o ocio?
(O) Nada oposto é menos que complementar,

sexta-feira, 13 de março de 2009

Jogattori Controlatti



Jogador inconsolavel,
que tempo é esse que tu preenche?
Que tedio é esse que tu sustenta?
Dando vem tal desinteresse?
Do copo longo, meio vazio,
que esqueceste sobre a mesa?

Que medo estranho da beleza
te afasta da tua vida?
Sera esse seu desdem,
inconciliavel,
que te afunda nessa certeza?

O Belo Eterno eo teu horror,
não vês?
São concorrentes da tua mente.
SENTA JOGADOR, E SENTE.

quarta-feira, 11 de março de 2009

são



As coisas são
como elas são.
E pelo simples ato de ser
do jeito que são,
são do melhor jeito
que poderiam ser.

E não é
que eu ache
que isso
é
A verdade.

Mas é
que no espelho da vida
esse reflexo
me apazigua.

Mito n°1




Existiam, na terra do alto das idéias, lá aonde a carne é pensamento, dois seres que batalhavam pelo controle de um corpo. Um ser, cheio de orgulho, esforçava-se dia após dia para ser melhor, mais equilibrado mais próximo do divino. Eternamente submetido a sua disciplina e ao seu rigor, esse ser se temperava a medida que os dias passavam, aprendia pouco a pouco a relevar o que sentia, o que achava, a se aprimorar como um ser que habitava um mundo de tantos outros seres.
O outro ser era diferente. Um ser de regojizo. Acreditava já ser, como era, o mais perfeito, o mais divino e o mais completo ser que nessa terra havia. E não é que fosse arrogante, achava com absoluta certeza que este era um atributo de tudo, e que seu rival também era assim, só falhava-lhe o entendimento. Perturbava-o, portanto, a idéia dele não ver algo tão trivial.
Acontecia que o asceta também não compreendia como seu irmão não se esforçava para se corrigir constantemente. Dizia ele “Não vês, amigo, que és uma pedra bruta esperando pra ser lapidada? Que a sua beleza agora é nada mais que uma fagulha do que um dia podes te tornar?!” Ao que o outro respondia: “Não, camarada, não vejo nada mais belo nesse mundo do que o bruto, se queres te aproximar do divino, por que por que foges do jeito que ele te concebeu? Já somos, agora, todas as nossas potencialidades.” Suas discussões eram longas e, tendo os dois pontos de vista irreconciliáveis, tornaram-se eventualmente as mais brutais batalhas.
Com o tempo, assim como as disciplinas alteravam o primeiro, a batalha alterou os dois fortalecendo cada vez mais seus corpos de pensamento, e deixando os embates cada vez mais horríveis. Aconteceu então de um dia, os dois imundos de sangue, agarrados e ao chão, sentirem algo de muito estranho. Era como se eles se fundissem em um, como se finalmente não houvesse diferença alguma entre o que diziam os dois. Nesse ponto eles tentaram se afastar, mas por algum motivo não conseguiam, tornavam-se um só ser. Com suas diferenças reconciliadas percebiam que como um passe de magica não havia diferença alguma entre os dois, e mais que isso, perceberam que desde o principio fora assim. Que suas diferenças nunca passaram de ilusões, como dois lados da mesma moeda. Percebiam que a única coisa que os mantinha separados era um engano. Foi então que eles, agora Ele, gargalhou por toda a eternidade.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Olá,

Me chamam João.

Ando com os pés,

mas,

diferentemente da maioria
penso e sinto com meu corpo
e não só com minha cabeça
ou com meu coração.

Outro dia, por exemplo,
meus joelhos vinham pensado
que queria se esticar.

MAS
se pensavam quereres,
não desejavam saberes
que ainda não tem?

O meu ser em sua
TOTALIDADE
parece padecer dessa função
deseja uma coisa
sem pensar
em tudo que essa coisa vai gerar

E quando enfim essa coisa gerada da coisa que o meu ser queria dá de se manifestar, poderia eu dizer que sou o mesmo ser que a desejou em primeiro lugar?

Sim e não.

Ja que toda frase falada,
todo fato atestado,
toda verdade
é uma meia mentira

E

uma meia verdade

e esse paradoxo tão fino
do Divino,
é a maior vaidade.

A fome do tempo



Essa noite foi o ceu
quem me lembrou:

Tudo nessa vida
vai vem com tanta pressa
que tanta emoção
quase me esmaga o coração.

E não é que seja vão, vazio
de sentido ou razão, mas é
que a brevidade dessa excursão
talvez seja a maior chance
que ganhamos da mais pura
ocasião.

domingo, 11 de janeiro de 2009

Burrice

As vezes eu olho em volta e só vejo burrice, devo ser um idiota