Depois de toda elaboração quando se olha no fundo ainda existe uma vontade latente de gritar. Como se o grito representasse todo o não dito, todo o indizível, tudo que é pré ou pós linguagem (que no fundo não são a mesma coisa, mas se comportam da mesma maneira, uma presença catártica, uma plenitude atônita). O grito é como o oposto do silencio, e como oposto ele o completa. Santos oximoros, eles são a mais eloqüente não-linguagem, a mais latente vontade de se livrar de todo o fedor dessa merda cultural. O grito ensandecido ou o silencio perfurante são o que mais nos aproxima do animal que vive em nosso corpo e que teimamos em esquecer. Eles são a porta para o organismo vivo da nossa ação, a entidade inteligente da criação. Atentemos para o deleite do atrito do corpo com com o ar, com a terra e com a agua. Muitas vezes pensando, passemo a viver o ígneo principio que nos determina de dentro pra fora e de fora pra dentro e de dentro pra fora e de fora pra dentro... Vida longa aos ciclos, vida longa aos ritmos, vida longa ao corpo.
2 comentários:
constantemente penso sobre isso mas nunca tenho resposta (evidentemente).
ora, pensar menos é ser mais genuíno humano? (por quê?) (não sei) (acredito só / sinto?)
nada nos dá garantia, tanto menos a lógica.
a natureza sopra afeto. esse sim mora na filosofia. silêncio eloquente. no fim, é sempre na fonte a busca...
nossa joão...bacanas seus textos.Não sabia q vc tinha um blog.
gostei daquele poema que vc fala do incomodo e de "um monete de coco".
bjs
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