segunda-feira, 22 de junho de 2009

Suspeito
que o infinito esta suspenso
entre dois suspiros.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Depois de toda elaboração quando se olha no fundo ainda existe uma vontade latente de gritar. Como se o grito representasse todo o não dito, todo o indizível, tudo que é pré ou pós linguagem (que no fundo não são a mesma coisa, mas se comportam da mesma maneira, uma presença catártica, uma plenitude atônita). O grito é como o oposto do silencio, e como oposto ele o completa. Santos oximoros, eles são a mais eloqüente não-linguagem, a mais latente vontade de se livrar de todo o fedor dessa merda cultural. O grito ensandecido ou o silencio perfurante são o que mais nos aproxima do animal que vive em nosso corpo e que teimamos em esquecer. Eles são a porta para o organismo vivo da nossa ação, a entidade inteligente da criação. Atentemos para o deleite do atrito do corpo com com o ar, com a terra e com a agua. Muitas vezes pensando, passemo a viver o ígneo principio que nos determina de dentro pra fora e de fora pra dentro e de dentro pra fora e de fora pra dentro... Vida longa aos ciclos, vida longa aos ritmos, vida longa ao corpo.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

entrega

Quando encontro Dionisio
isto é o que se passa, em parte:
eu lhe empresto minha carne
ele me empresta a divindade.

Praticamente, tornamo-nos um.
A ação que move meu corpo
se torna um prazer incomum,
o pensamento foge.

Então, é só ele quem me move,
me desfaço em ontologia,
o êxtase me envolve.

Enfim percebo no ser estranha essência.
Aqui envolto, não há dentro e não há fora,
tudo se embola sob esse manto de consciência.