sábado, 11 de julho de 2015

24fps



A tua imagem, ela,
bela miragem projetada
a 24 quadros de separação.

Eu achei que eu era o mocinho
bidimensional como um sonho de acetato.
Marty Mcfly ou Indiana
eu queria uma mulher nota mil.

Curti a vida adoidado
nos labirintos da imaginação
num mundo dividido pela praga
na dimensão interior privada.
Foram guerras nas estrelas
só que ninguém mais soube.
Sobre o corpo que restava
repousava um manto
de dormencia e espanto.

Volver a meus 11 anos
o mundo era maior
dentro de mim do que fora
lembrar de um som era ouvi-lo
pensar no vento senti-lo
tocar uma pele
era distancia.

Na cerimonia do cinema
aflito flutuava e livido,
a vida como meio
demonstrava um atrito rigido.

Eu queria ver,
ver pra crer
com meus olhos
avidos à vida.
Visto que o invisivel
assim permanece ocluso
ganhei vidência
sobre os fantasmas da imanência.
Transcender como crime:
pisciano regime do asceta.

Tudo ali numa tela,
distante imatéria -
no corpo um engodo
com tempo e arrepio:
um desafio.
Matar o ideal da aventura,
de volta de um futuro
na prática impraticável
para um corpo e jogo
cheio de arestas.

A doce vida, ja não tão doce
mas, ó, tão doce,
a vida!

Meu primeiro amor
foi por uma aparição,
feitiço de aquila
que de dentro
não se pode desencantar.

Ainda vivo sua nostalgia,
veludo azul,
um sonho cinico se torna macabro:
enfim me apavora a aparencia
desprovida de essencia.

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