segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Doze


De ponta cabeça,
flutuava:

Estava aqui
vendo,
nada vi,
estou assustado
com tamanha liberdade.

Estava aqui
sentindo,
nada sei,
estou vazio
com tamanha humildade.

Estava aqui
vago,
nada nego,
tinha sede
mas até ela abandonei.

Estava aqui
entregue,
nada sou,
estou rendido,
dependurado.

À deriva,
não me movo.
Aprendo sobre a dinâmica
da imobilidade.

Mal percebendo
pendurei-me em mim
por inteiro
com cândida fragilidade.

Estranho...
um enforcado
tão assim
à vontade.