sábado, 28 de setembro de 2013




Na primeira vez em que fui 
estuprado pelo vazio
eu não gozei.
Ou talvez aquele fos-
se o único gozo 
possível para alguém como 
eu que é currado por abismos.

Desde então sou
na morte das formas
no vazio dos contornos
nessa membrana
entre o explode e o expressa
entre o vacuo do átomo
e o ar que me pesa.
Entre o desejo do relógio
e o infinito que me resta.
A critica e a pressa.

Mas ser não basta
então prescruto as besta
e faço testes
e me deito em mim
quando consigo
ou posso.

Sou só eu
esse sentir todo
que se pode me afaga
ou morde.
Sou só eu
esse universo torpe
que se goze
ou reze,
mas que o seja
quando for
seja o que.

O poeta sofredor
precisa da matéria
da dor, da pilhéria.
Precisa também conhecer
do horror de se ter no peito
um buraco negro, uma drena,
um defeito.

Ha algo no poeta
de tão pesado
acumulando massa critica
levando à implosão
do mundo no seu coração.
Há algo no poeta
que pulsa e explode e jorra
e é branco e ilumina
e que mora no seu peito
potencial totalidade da luz.

Há no poeta tanto
que há nele um poeta.
E tudo que é nele
é e é no seu oposto
pois é assim que ele vive
sintetizando impossibilidades.
Ele ousa quando dói,
se curva quando fere,
canta quando é ferido e d
escreve-se 
em toda e qualquer oportunidade
, com tinta ou voz,
sangue, chip ou celulose.
Ele não teme aquilo que é seu.
Faz do Anátema
ambiciosa generosidade.
Até o dia em que se cansa disso
então muda.
E busca e proba
e avança curioso
hora destemido,
hora temeroso
à busca do que lhe foi prometido
no momento esquecido
de seu esboço.