domingo, 22 de março de 2009

há, afinal, uma semelhança entre a ansia e o ocio?
(O) Nada oposto é menos que complementar,

sexta-feira, 13 de março de 2009

Jogattori Controlatti



Jogador inconsolavel,
que tempo é esse que tu preenche?
Que tedio é esse que tu sustenta?
Dando vem tal desinteresse?
Do copo longo, meio vazio,
que esqueceste sobre a mesa?

Que medo estranho da beleza
te afasta da tua vida?
Sera esse seu desdem,
inconciliavel,
que te afunda nessa certeza?

O Belo Eterno eo teu horror,
não vês?
São concorrentes da tua mente.
SENTA JOGADOR, E SENTE.

quarta-feira, 11 de março de 2009

são



As coisas são
como elas são.
E pelo simples ato de ser
do jeito que são,
são do melhor jeito
que poderiam ser.

E não é
que eu ache
que isso
é
A verdade.

Mas é
que no espelho da vida
esse reflexo
me apazigua.

Mito n°1




Existiam, na terra do alto das idéias, lá aonde a carne é pensamento, dois seres que batalhavam pelo controle de um corpo. Um ser, cheio de orgulho, esforçava-se dia após dia para ser melhor, mais equilibrado mais próximo do divino. Eternamente submetido a sua disciplina e ao seu rigor, esse ser se temperava a medida que os dias passavam, aprendia pouco a pouco a relevar o que sentia, o que achava, a se aprimorar como um ser que habitava um mundo de tantos outros seres.
O outro ser era diferente. Um ser de regojizo. Acreditava já ser, como era, o mais perfeito, o mais divino e o mais completo ser que nessa terra havia. E não é que fosse arrogante, achava com absoluta certeza que este era um atributo de tudo, e que seu rival também era assim, só falhava-lhe o entendimento. Perturbava-o, portanto, a idéia dele não ver algo tão trivial.
Acontecia que o asceta também não compreendia como seu irmão não se esforçava para se corrigir constantemente. Dizia ele “Não vês, amigo, que és uma pedra bruta esperando pra ser lapidada? Que a sua beleza agora é nada mais que uma fagulha do que um dia podes te tornar?!” Ao que o outro respondia: “Não, camarada, não vejo nada mais belo nesse mundo do que o bruto, se queres te aproximar do divino, por que por que foges do jeito que ele te concebeu? Já somos, agora, todas as nossas potencialidades.” Suas discussões eram longas e, tendo os dois pontos de vista irreconciliáveis, tornaram-se eventualmente as mais brutais batalhas.
Com o tempo, assim como as disciplinas alteravam o primeiro, a batalha alterou os dois fortalecendo cada vez mais seus corpos de pensamento, e deixando os embates cada vez mais horríveis. Aconteceu então de um dia, os dois imundos de sangue, agarrados e ao chão, sentirem algo de muito estranho. Era como se eles se fundissem em um, como se finalmente não houvesse diferença alguma entre o que diziam os dois. Nesse ponto eles tentaram se afastar, mas por algum motivo não conseguiam, tornavam-se um só ser. Com suas diferenças reconciliadas percebiam que como um passe de magica não havia diferença alguma entre os dois, e mais que isso, perceberam que desde o principio fora assim. Que suas diferenças nunca passaram de ilusões, como dois lados da mesma moeda. Percebiam que a única coisa que os mantinha separados era um engano. Foi então que eles, agora Ele, gargalhou por toda a eternidade.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Olá,

Me chamam João.

Ando com os pés,

mas,

diferentemente da maioria
penso e sinto com meu corpo
e não só com minha cabeça
ou com meu coração.

Outro dia, por exemplo,
meus joelhos vinham pensado
que queria se esticar.

MAS
se pensavam quereres,
não desejavam saberes
que ainda não tem?

O meu ser em sua
TOTALIDADE
parece padecer dessa função
deseja uma coisa
sem pensar
em tudo que essa coisa vai gerar

E quando enfim essa coisa gerada da coisa que o meu ser queria dá de se manifestar, poderia eu dizer que sou o mesmo ser que a desejou em primeiro lugar?

Sim e não.

Ja que toda frase falada,
todo fato atestado,
toda verdade
é uma meia mentira

E

uma meia verdade

e esse paradoxo tão fino
do Divino,
é a maior vaidade.

A fome do tempo



Essa noite foi o ceu
quem me lembrou:

Tudo nessa vida
vai vem com tanta pressa
que tanta emoção
quase me esmaga o coração.

E não é que seja vão, vazio
de sentido ou razão, mas é
que a brevidade dessa excursão
talvez seja a maior chance
que ganhamos da mais pura
ocasião.